A formação da população brasileira
A população brasileira é formada por três grupos étnicos básicos: o indígena, o branco e o negro africano.
No século XX, os asiáticos vieram também participar da formação da população brasileira, principalmente os japoneses e os chineses.
A miscigenação das etnias, durante muito tempo, foi utilizada para afirmar que no Brasil sempre existiu uma “democracia racial”.
O mito da democracia racial cumpriu sua função social no Brasil, encobrindo a realidade. Procurou disfarçar o preconceito de cor em relação ao indígena, ao negro, ao mestiço ou ao mulato e também o preconceito social, determinado pelo status social e pela renda.
Os indígenas eram os habitantes do Brasil quando os portugueses aqui chegaram e participaram da formação da população brasileira atual. Possuem conhecimento do meio ambiente, acumulado através de séculos de ocupação das terras; por meio de sua cultura, podem nos ensinar a conviver mais harmoniosamente com a natureza. Sofrem, historicamente, o extermínio de suas comunidades e enfrentam constantes conflitos com garimpeiros, posseiros e grileiros que desejam ocupar suas terras.
O Brasil indígena antecede o Brasil lusitano. Indiscutivelmente, os índios fazem parte da sociedade brasileira. Alguns povos estão integrados em nossa sociedade.
Certos povos cobram pela exibição de seus costumes e tradições. Alguns devastam suas reservas, como os cintas-largas, de Rondônia. Outros se preocupam em manter suas tradições.
Em 1500, na época do “descobrimento”, estima-se que havia no Brasil mais de 6 milhões de nativos, reunidos em centenas de nações com culturas bem diversas entre si, que falavam mais de mil línguas diferentes.
Os indígenas caçavam, pescavam, colhiam frutas e praticavam uma agricultura de subsistência. Não havia troca de alimentos. A farinha de mandioca tornou-se um dos alimentos básicos do Brasil Colônia, por in- fluência da cultura indígena. Nenhum grupo indígena brasileiro dominava a metalurgia.
A agricultura praticada pelos indígenas era feita com a derrubada das árvores, a queimada e, depois que o solo esgotasse, mudavam para outras regiões.
Em 2000, o Brasil contava com 700 mil indígenas, segundo o censo do IBGE, sendo que a Funai (Fundação Nacional do Índio) contabilizou 431 mil índios. Essa diferença de números ocorre porque o censo do IBGE baseia-se na autodeclaração, ou seja, é considerada indígena uma pessoa que é descendente de algum grupo, mas que viva na cidade; já para a Funai, o método da autodeclaração não é válido.
Atualmente, existem no território brasileiro 580 áreas indígenas, ocupando 12% do território nacional, com maior concentração no Amazonas.
A chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500.
Os portugueses – Nos primeiros trinta anos depois do descobrimento, poucos portugueses se estabeleceram no Brasil. Martim Afonso de Souza chegou em 1530, trazendo 400 pessoas, aproximadamente, gado, mudas de cana, ferramentas, ocupando definitiva- mente o território e beneficiando a metrópole através da produção (1530).
No período colonial, o fluxo migratório foi lento e constante. Em 1819, os brancos (portugueses e seus descendentes) eram cerca de 750 mil.
Entre 1872 e 1972, veio para o Brasil 1,6 milhão de portugueses. Quase todos saíram das aldeias portuguesas por causa da estagnação econômica, principalmente no campo.
A influência portuguesa é muito grande na cultura brasileira: a língua, a religião católica, as artes (estilos barroco e colonial pre- sentes em casas e igrejas de cidades como Salvador, Ouro Preto, Recife, São João Del Rey, entre outras), as canções líricas e sentimentais, as festas juninas, os presépios armados no Natal etc. Os portugueses criaram as primeiras ola- rias e trouxeram os azulejos que ornamentam casas e igrejas em muitas cidades brasileiras (São Luís, no Maranhão, Ouro Preto, em Mi- nas Gerais). Influenciaram também toda a or- ganização político-administrativa brasileira.
Os negros africanos foram trazidos para o Brasil como escravos. Entre 1550 e 1850, quando o tráfico foi oficialmente ex- tinto, com a Lei Eusébio de Queirós, chegaram ao Brasil cerca de 3,6 milhões de africanos escravizados, segundo o IBGE. Foi uma migração forçada.
Os africanos foram trazidos de diferen- tes regiões, de culturas também diferentes. O tráfico era um empreendimento organizado e lucrativo, realizado por portugueses, espa- nhóis, ingleses e franceses.
Durante mais de 300 anos, essa mão de obra escrava constituiu a principal força de trabalho no país. Os negros representam 6,2% da população brasileira e os pardos, 39,1%, de acordo com o IBGE (2000). Os descendentes de africanos correspondem a 45,3% dos brasileiros (negros e pardos) ou em torno de 70 milhões de pessoas, fazendo do Brasil o maior país de descendência africana do mundo. Além do trabalho, os africanos marcaram profundamente a música, a língua, a religiosidade e o modo de ser do povo brasileiro.
A religiosidade brasileira tem a marca do sincretismo, da mistura entre o catolicismo e as religiões africanas. O candomblé é um exemplo desse sincretismo. Nele santos católicos foram identificados com as divindades africanas, os orixás.
O crescimento da população brasileira
O crescimento da população brasileira
O primeiro recenseamento da população foi feito em 1872. Anteriormente existiam apenas
estimativas, que não são contagens diretas da população, mas tentativas de fixar um total da população a partir de censos e levantamentos realizados em apenas uma parte do território.
Observe na tabela 1 que o crescimento da população brasileira se acelerou após 1940 e, a partir de 1991, ocorreu menor crescimento e maior envelhecimento
As taxas de natalidade se reduziram bastante entre os brasileiros de alta e média renda,
o que ainda não aconteceu com a grande parte da população de baixa renda.
As causas da queda rápida das taxas de mortalidade são os avanços na medicina preventiva e no saneamento básico. As campanhas de vacinação em massa reduziram o perigo de epidemias que provo- cavam alta mortalidade. Com a urbanização, o atendimento médico-hospitalar alcançou populações de baixa renda e ampliou-se o sistema de saneamento básico (rede de água e esgoto).
Apesar da diminuição da mortalidade, as condições médicas e sanitárias do Brasil ainda são precárias.
Além da precariedade das condições médicas e sanitárias, ainda existem no Brasil os problemas da fome e do lixo a céu aberto. Os excluídos,
que vivem buscando alimentos em meio ao lixo, são reduzidos a uma condição sub-humana.
Crescimento vegetativo, também chamado de crescimento natural, é a diferença entre a natalidade e a mortalidade.
Exemplo:
taxa de natalidade: 5% ao ano;
taxa de mortalidade: 1% ao ano;
5% – 1% = 4%
crescimento natural ou vegetativo: 4% ao ano.
Questões de Compreensão
1. O primeiro recenseamento do Brasil foi feito em 1872. Explique como foi o crescimento demográfico (populacional) do Brasil entre 1872 e 1940 e entre 1940 e 1980. Justifique.
2. Quais as causas da diminuição da mortalidade no Brasil?
3. Quais os os fatores responsáveis pela redução das taxas de natalidade no Brasil?
4. Quais os fatores responsáveis pelo crescimento da população brasileira? Explique cada um deles.
5. O crescimento vegetativo pode aumentar e também pode diminuir. Explique.